Em primeiro lugar, é importante enfatizar que o padrão de beleza, pode ser explicado através de diversas perspectivas, e neste tópico, será exposto uma conclusão de natureza sociológica.
Como forma de introduzir este assunto, vale sublinhar que de acordo com os dados de uma pesquisa realizada pela Sociedade Internacional da Cirurgia Plástica (ISAPS, 2023) o Brasil atualmente ocupa o segundo lugar no ranking internacional no que diz respeito a realização de intervenções cirúrgicas de fins estéticos.
Em grande medida, isso acontece porque a ideia de corpo belo - que assume diferentes padrões a depender do período sócio-histórico cultural - na maioria das vezes, é sinônimo de saúde, felicidade e garantidor de um lugar de destaque em meio a sociedade.
Diante disso, cabe-nos determinados questionamentos. De onde vêm os ideais de beleza? Por que muitas pessoas apenas se sentem realizadas quando estão na posse de atributos considerados belos? E por fim, qual a importância do acompanhamento psicológico para quem passa por transformações estéticas?
Padrão de beleza: uma resposta sociológica
Em primeiro lugar, é importante enfatizar que o padrão de beleza, pode ser explicado através de diversas perspectivas, e neste tópico, será exposto uma conclusão de natureza sociológica. De acordo com alguns estudos que se dão a partir dos séculos XX, o motivo pelo qual as pessoas tendem a concordar com a ideia do que é belo, surge como consequência de um processo de dominação social. Em outras palavras, em cada época específica, haverá uma luta entre os agentes sociais pela definição de beleza, que por fim, sempre será estabelecida de acordo com o interesse dos grupos dominantes.
Assim, somos vítimas de um bombardeio ininterrupto que implícita e explicitamente nos força a identificarmos um corpo que é ou não bonito. seguem alguns exemplos:
● Outdoors ● Publicidade de moda ● Desfiles ● Tiktokers
Por conta disso, o sujeito pode acabar sendo vítima de inúmeras manifestações explicativas e elucidativas sobre o belo, contra as quais nada pode fazer além de assenhorar-se de um dado padrão e aceitá-lo como evidência. Por este motivo, o belo passa a se apresentar como algo óbvio, sendo o que Pierre Bourdieu chama de habitus estético. Assim, aquilo que identificamos de bonito em nós ou no outro, é consequência de uma socialização, demasiadamente eficaz, que torna indubitável o que é meramente resultado da ação dos dominantes de um determinado período sócio-histórico cultural, ao dizerem que corpos com características x, y ou z, são bonitos e consequentemente, desejáveis.
É como produto deste fenômeno que, de acordo com Trinca (2008) o corpo esteticamente belo passa a ser sinônimo de saúde e arquétipo de felicidade, e em algumas situações, um meio de alcançá-lo de forma rápida é através de intervenções estéticas cirúrgicas. Neste ponto é possível pensar: Isso seria algo positivo ou negativo? E para esta pergunta não há resposta, pois tudo é relativo e nada é completamente bom ou ruim.
O encontro com o novo Eu
De acordo com uma pesquisa realizada por Ferraz (2007) sobre os impactos da cirurgia plástica na auto imagem, as intervenções realizadas na maioria das entrevistadas não só melhoraram a autoestima e alteraram positivamente suas relações interpessoais e sexuais, como também possibilitaram pela primeira vez uma verdadeira percepção de si mesmo, que é o que dá a identidade e o reconhecimento do próprio self.
No entanto, quando o assunto está relacionado a identidade do sujeito e sua transformação - mesmo que moderada - é de suma importância que haja uma preparação emocional, e de acordo com a autora, nenhuma das entrevistadas buscou ajuda psicológica no que diz respeito à preparação para a realização dos procedimentos.
A importância do apoio psicológico
Como forma de encerrar essa publicação, é preciso reforçar que não há possibilidade de considerar a prática de intervenções estéticas como algo adequado ou inadequado, pois tal posicionamento depende de como isso se apresenta a cada sujeito na medida de sua singularidade. Entretanto, independente de uma resposta específica frente ao resultado do procedimento, é importante que o auxílio do profissional de saúde mental seja recomendado, uma vez que a partir do momento em que as características estéticas são alteradas, a forma como o sujeito reconhece a si também muda, e é neste ponto - ou seja, o do encontro com o novo eu - que a ajuda de ordem psicológica pode vir a ser necessária.
Regiane S. Pereira | Psicóloga CRP: 12 24385
@psi.regianepereira
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Referência
FERRAZ, S.B; SERRALTA, F. B. O impacto da cirurgia plástica na auto-estima. Estudos e Pesquisa em Psicologia, UERJ, RJ, v.7, n.3, p.557-569, dez. 2007. TRINCA, T. P. O corpo-imagem na cultura do consumo.Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Filosofia e Ciências, 2008. Bibliografia: p. 204-214 MOUNT ROYAL, N.J. International Society of Aesthetic Plastic Surgery (ISAPS). Os procedimentos cirúrgicos e não cirúrgicos tiveram um aumento total de 19,3%, 2023 Crie o design com facilidadeTodo layout oferece os recursos sociais mais recentes. Os leitores poderão compartilhar com facilidade os posts em redes sociais como Facebook e Twitter, ver quantas pessoas curtiram um post, quantas fizeram comentários e muito mais. Com Wix poderá construir com facilidade sua comunidade online.
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